26 janeiro 2008

Tudo ou Nada a Perder? Não Importa.

A nossa vida tem importância na decisão de um combate?


Muitas pessoas dizem que o pior adversário é aquele que não tem nada a perder... eu não concordo. O melhor adversário é o que tem tudo a perder. Se não tens nada a perder então não tens receio. O receio é a única coisa que nos faz grandes lutadores. Quando vos atiram uma pedra, vocês desviam-se porquê? Porque têm receio de levar com essa pedra! Quem não tem nada a perder, não sente a necessidade física de se desviar se puder acertar naquele que lhe atirou a pedra. (...nojo de metáforas, mas não arranjei melhor)
Um adversário que tenha tudo a perder, é extra-preocupado-cauteloso-inteligente pois sabe o que está em jogo e não quer perder o que tem. O receio de perder faz com que ele esteja mais activo, mais emocionado, com mais adrenalina, mais rápido, mais forte, mais/menos racional. Quem não tem medo de morrer, morre a qualquer altura. Quem apenas procura vingar-se sem mais nada na sua mente comete erros que outra pessoa (mais receosa) não cometeria.

No meu crer, duas pessoas com as mesmas qualidades, uma que não tem nada a perder e outra que tem tudo...eu cá escolhia a que não tem nada a perder para lutar! Por experiência própria, quando tenho medo, fico mais rápido e mais activo, e regra geral, tenho os sentidos mais apurados. Reajo melhor e com mais exactidão. Nenhuma arte marcial ensina por exemplo "livra-te do medo", nenhuma! Ensinam todas "controla o medo". Em todos os combates devemos de ter medo, não de levar algum golpe, mas medo de um adversário imprevisível que são todos os seres humanos. Basta verem que mesmo sem intenção, um pontapé mal dado à cabeça pode matar. Confiança a mais é mau. Timidez a mais é mau. O que é que é bom? É não ter nem confiança nem timidez. Bom é atingirmos um estado em que a nossa força não importa, o que importa é retirar a vitória.

A nossa vida deve ser mantida fora do combate, de modo a termos um estado psicológico neutro como quem não tem nada a perder e no entanto termos o instinto que vem do medo (como quem tem tudo a perder). Um combate pode ser decido em 5 segundos ou em 5 horas. Não pode haver deslizes psicológicos num combate. Um segundo de desconcentração e olhos desfocados, chegam para não nos levantarmos mais. Separar combate/vida é essencial mesmo quando combatemos pela vida ou por algo da nossa vida! Se tiverem de arriscar um caso em que a vossa integridade física esteja comprometida de certeza absoluta, então lutem de cara erguida e orgulho no topo, pode ser isso mesmo a salvar-vos. Não baixem a cabeça e aceitem o destino. A vida e o combate são coisas diferentes, mesmo estando uma dentro de outra.

19 janeiro 2008

Bons? Maus? Assim-assim!

Eu cá não acredito na religião mas este texto será feito com os seus desvios ateus e religiosos para vermos melhor como as nossas preocupações são inúteis.

Muitos acham que as más acções dos Homens se devem às más influências do Diabo, mas a bíblia diz que Deus nos deu o livre arbítrio. Que os seres humanos serão tanto capazes de praticar o bem como o mal. Deus e o Diabo têm tanto poder um como o outro. Então as acções do Homem, maléficas ou não, sao puramente decididas pelo Homem em si. Seja, eu acho que o Diabo ainda hoje ficaria surpreendido pela capacidade inventiva do Homem de praticar o mal. Deus surpreender-se-ia com tanta bondade a seguir. O Homem é tão capaz de praticar o mal como o bem logo a seguir. Somos tão incrivelmente ambíguos que não somos capazes de sermos bons ou maus. No meu ponto de vista, estes dois lados "bem e mal" no aspecto bíblico, foram criados para justificar acções.

Para compreenderem o que vou escrever a seguir, compreendam isto: a maior parte das grandes vitórias e derrotas da História não se devem ao facto de as pessoas serem fundamentalmente boas ou fundamentalmente más, mas sim ao facto de serem fundamentalmente pessoas.

Alguém me diz porque nos debatemos tanto entre o bem e o mal? Porque nos preocupa tanto a religião? Por....medo. Para quem acredita o pensamento básico é este "Tenho de fazer boas acções e coisas boas para não ser castigado e ir para o inferno". Para quem está na dúvida é "Não sei se acredito, mas também não vou dizer que não acredito porque se calhar existe e ainda saio castigado". Para quem não acredita ( e eu não acho que alguém não acredite COMPLETAMENTE) é "Não receberei castigo porque não existe nada para me castigar. Quando morrer a minha existência pára." Quem não acredita geralmente encontra-se fora do medo, ou encontrar-se-ia, se eu acreditasse que é possível viver sem a dúvida. Medo de retribuição e medo do fim da nossa existência costuma ser a razão para tantas dúvidas.

Eu estou a estudar apenas a religião cristã, visto que não tenho conhecimento suficiente sobre outras religiões à excepção da budista que, para mim, é infalível.

Eu morrerei, provavelmente, na dúvida NÃO da existência de Deus (porque não acredito em Deus, mas sim num poder superior) mas sim na dúvida entre Ateu e Agnóstico. Pensem bem, será que pode mesmo existir Deus ou Diabo? O ser Humano é medroso e quer justificar acontecimentos que não sabe explicar ou puramente não quer acreditar! Nós não somos Bons ou Maus, somos Humanos e isso diz tudo. LIVRE ARBÍTRIO. Agora, as preocupações, penso eu que são ridículas. Os que acreditam não têm que pensar no castigo. Se acreditam cumprem de boa vontade e com o coração no sítio certo. Os que estão na dúvida basta fazerem o que está mais certo em vez de se debaterem na Sua existência. Os que não acreditam levam a sua vida pois esses estão fora deste "estudo".

Porquê estas incertezas todas? Não temos de acreditar para ir para o céu, se vivermos uma vida correcta! Não temos de fazer a coisa certa pelo medo da retribuição! Fazemos essa coisa certa porque nós temos noção que seria o mais honroso a fazer. Com essa mesma facilidade, podemos fazer o mal. É absolutamente natural.

Não temos de nos questionar sobre a existência, sobre a nossa natureza, mas sim sobre a nossa consciência! Nós fazemos o bem e o mal. Somos senhores da nossa escolha, mesmo que acreditem em Deus, continuamos a ser deuses de nós próprios enquanto estivermos na Terra.



O Mundo não se vê nem a Preto nem a Branco nem a Cinzento. O Mundo vê-se a Cores!

12 janeiro 2008

Ignorar a Nossa Consciência

"O que me preocupa, não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."
Martin Luther King


Já se encontraram numa situação em que vêm algo de errado e querem ajudar mas não o fazem? Por medo, covardia ou mesmo só pela sensação de impossibilidade em que estão confrontados que vos faz achar que não existe nada que possam fazer? Em que vêm a "maldade" em puro silêncio? A nossa consciência grita para fazermos algo mas continuamos imóveis na tentativa que desapareça sem ter nada a ver connosco? Eu já estive assim quando era mais novo. Achava-me fraco ou então pura e simplesmente não queria "chatices". O problema claro está que nós podemos fazer toda a diferença mesmo em situações desesperantes. Controlar e anular o nosso medo, adaptar a nossa atitude à situação e marcar a nossa posição pode ser a diferença entre a perda e o sucesso. Honestamente, eu fico a sentir-me mal se puder ter evitado e não o tenha conseguido. Hoje em dia obviamente tenho mais sucesso neste aspecto, no entanto, conheço o sentimento. Alguns de vós podem não o conhecer (não sei se vos diga se é bom ou mau, pode ser bom por terem vivido numa sociedade sem falhas como estas, ou mau porque não têm consciência), mas eu imagino que quase todos sentimos isto umas poucas vezes na vida (ou muitas hahaha!).

A citação que eu fiz a Marthin Luther King exemplifica perfeitamente o que eu quero dizer. Vamos ficar sentados e observar? Não será melhor correr um pouco risco? O "mal" age livremente e o "bem" fica sentado? Permitiremos que a injustiça prevaleça? Sinceramente, nem quero ouvir falar de "o bem e o mal não existe mesmo" ou "existe uma pequena separação entre o bem e o mal, o mal para uns pode ser o bem para outros", NESTE CASO, estou a falar do mal na sua forma simples, que se reconhece num piscar de olhos. Nada de complexo. Reconhecendo uma situação injusta, não agimos. Não ficam irritados convosco próprios? Afinal de contas, se pensarem no acto mesquinho que é ignorar a atitude injusta e seguir em frente....é de facto perturbante.

Este Post é um apelo à vossa falta de revolta. Não podemos aceitar estas injustiças! Dentro de cada um de nós está a solução para mudar tudo o que se encontra no mundo, mas para mudar seja o que for é necessário força de vontade. Pessoalmente, eu aprendi esta lição à força e tento agora transmitir-vos isto a bem. Morrer sem aprender esta lição deve ser verdadeiramente triste... Basta pensarem o que irá na cabeça da pessoa que está do outro lado que isso vos dará a vontade para fazer a coisa mais acertada. Deixem a cobardia para trás, verão que se sentem melhor, independentemente das consequências (que se forem demasiado altas, depende de vocês ir para a frente ou não). Arranjam amigos para a vida (VERDADEIROS! Como isto é raro hoje em dia!) e vivem mais em paz convosco próprios.

Só vos digo mais isto: não ignorem a vossa consciência e não se deixem levar pelo falso poder que quem pratica o "errado" usa. REVOLTEM-SE com toda a fibra do vosso ser! NÃO podemos aceitar o mundo tal como é! Lutem de todas as maneiras possíveis para a boa mudança e evitem sempre a violência (que é o nosso último recurso e deve ser usada sábiamente).

06 janeiro 2008

As Bases do Marcialismo

Vou começar por especificar as bases que não envolvem técnica:

1º- Esforço
2º- Humildade
3º- Carácter
4º- Etiqueta
5º- Controlo

Estas são as máximas das Artes Marciais. Agora passaremos às bases das técnicas.

6º- Cinética nos movimentos. Se um músculo flecte numa direcção, os outros músculos devem flectir no sentido a favor do movimento completo desse músculo que flectiu em primeiro lugar( mesmo sendo no sentido oposto). P.Ex.:Um braço puxa o outro. Um vai para a frente outro para trás, as costas flectem ligeiramente para trás e as pernas bloqueiam no fim do movimento para o impacto.

7º- Qualquer movimento feito tem de ter como alvo o impacto 10 centímetros atrás do corpo. O ataque tem de terminar depois do corpo e o último segundo de impacto em estalido. O movimento bem executado envia o adversário a voar.

8º- A defesa tem de ser tão rápida como ataque e necessita do mesmo estalido final que o ataque. Uma defesa forte serve de ataque, pois parte ou lesiona partes do corpo do adversário. O ataque pode falhar mas a defesa NUNCA deve falhar.

9º- O grito (kyai) deve ser dado em alturas de desperdiçar energia. Ou seja, apenas quando precisamos de um ataque mais forte ou quando temos a certeza que vamos acertar por completo. O Kyai pode ser dado como maneira de aterrorizar o adversário com a raiva.

10º- Os movimentos começam relaxados mas rápidos (isto dá velocidade máxima) e acabam stressados (para impacto máximo).

11º- Só existem três tipos de defesa: aquela em que bloqueamos o movimento do adversário, aquela em usamos esse movimento para o desequilibrar e aquela em que atacamos por antecipação e apanhamos o adversário a meio-caminho (esta última para além de poderosa, é muito desmotivadora para o adversário).

12º- No ataque ou na defesa não existe hesitação. Mesmo que o movimento já não produza efeitos, a partir do momento que começa a ser executado, deve ser executado até ao fim o mais rapidamente possível para a preparação da nova defesa ou novo ataque.

13º- Movimentos curtos e rápidos do corpo distrai o adversário e confunde-o. Procurar entradas para atacar e só entrar quando virmos que é o "momento". Sentir o movimento do adversário. É preciso adaptarmo-nos a qualquer pessoa e por isso devemos aprender a ler os movimentos.

14º- Confiar no instinto mas usar a inteligência. A inteligência pode superar a força física. No entanto, com treino árduo isso pode não ser verdadeiro. O treino nunca nos engana. Para usarmos todas estas bases e acrescentarmos técnica apenas uma coisa importa: treino. O ideal seria: treino e inteligência.



Estas são as bases, no entanto existe muito mais para além disto. Um verdadeiro marcialista ultrapassa estas bases em larga escala. Sabem que cumpriram estas máximas quando o ataque penetra um objecto/corpo ou quando a defesa desfaz como o ataque. Conselho: não tentem desenvolver estas coisas sem preparação física anterior, senão sofrem dores musculares intensas.